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O IAB e sua Ação Política

Editorial, publicado no Boletim 46 do IAB-SP de ago/set de 2004


Em todas as cidades de nosso país, a eleição municipal constitui o principal tema da pauta nacional do momento. Candidatos a prefeitos e vereadores apresentam seus programas e são poucos, realmente muito poucos, os candidatos que pautam em suas plataformas a questão da cidade, da vida urbana e do planejamento e organização das forças produtivas no território das nossas cidades.

As campanhas seguem as estratégias dos marqueteiros, dos vendedores de ilusões, que agora propõem o céu na terra. De fato, apesar de todo o avanço da consciência e mentalidade de nosso povo, ainda é forte o apelo sentimental, afetuoso, quase paterno dos candidatos, com a Arquitetura e Urbanismo fora de seus programas. 

Tentando resolver esta lacuna nosso Departamento organizou o debate “Os Arquitetos e As Eleições”, no qual com a presença de importantes colegas,em três rodadas consecutivas, discutiu-se a relação dos arquitetos com o poder público, sob o ponto de vista do planejamento, de quem está dentro da máquina, de quem presta serviço aos municípios, e a história recente dos processos de planejamento de nossos centros urbanos. A ridícula remuneração aos profissionais de planejamento e projetos também foi alvo de comentários ácidos. A convergência dos debates revela que as relações metropolitanas foram colocadas de lado, esquecidas e desprestigiadas. Órgãos que tinham a responsabilidade de propor e mediar estas relações foram desmantelados. 

Ao IAB e aos arquitetos, cabe a tarefa de cerrarem fileiras em defesa da requalificação do planejamento e da gestão de nossas cidades. As técnicas construtivas também foram objeto de importante discussão num seminário promovido por nosso Departamento. 

Sob o titulo “Arquitetura e Racionalização da Construção”, colegas arquitetos, engenheiros, especialistas da pré-fabricação em concreto e em aço encontraram-se para debater o estado da arte de nossa produção. Entre as múltiplas atividades de nosso Departamento há que se destacar o encontro de Núcleos em Americana. Apesar da ausência de muitos colegas do interior, marcou o início de um trabalho fundamental que é o estabelecimento do Conselho Estadual Consultivo conforme previsto em nosso estatuto nacional. Desta importante reunião, surgiu o documento - “Carta de Americana” que firma as posições políticas de nosso Instituto. 

Por falar em política e em política estadual dos arquitetos assumimos postura firme em defesa de nosso instituto diante da confusão que um suposto IASP – Instituto de Arquitetura de São Paulo está provocando. Notificamos judicialmente os colegas fundadores daquele instituto recém - criado, alertando-os para a impossibilidade de uso da razão social “instituto”. Cabe salientar que a marca IAB, que nos é tão cara, está registrada no Instituto de Marcas e Patentes. Por outro lado, a estes colegas oriundos de associações de Engenheiros e Arquitetos de várias localidades de nosso Estado, foi feito o convite para se associarem ao IAB. 

Uma boa notícia – colegas arquitetos vêm sendo reconhecidos publicamente em significativas cerimônias. Registramos a homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer que recebeu o título de cidadão paulistano, ao arquiteto José Luiz Tabith que recebeu o título de cidadão de Suzano e ao arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé), que foi homenageado com o titulo de doutor honoris-causa pela Universidade Braz Cubas, de Mogi das Cruzes, SP. Por fim, anunciamos a conclusão da restauração do painel do artista Antonio Bandeira no hall de nossa sede.

Aos poucos, e com firmeza, vamos defendendo e requalificando o patrimônio de nossa arquitetura, que pertence a todos nós.

Paulo Sophia
Presidente do IAB-SP
agosto / 2004