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Um IAB sem Fronteiras

Editorial, publicado no Boletim 50 do IAB-SP de mai/jun de 2005


Iniciar o quarto semestre de uma gestão como presidente do Departamento de São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil impõe algumas reflexões, e, da mesma forma, alcançar a marca dos 50 boletins informativos é fato significativo e um marco histórico.

As reflexões propostas abarcam: o universo das questões da conceituação arquitetônica, de sua prática profissional, da formação profissional, os posicionamentos políticos de nosso Instituto diante da gestão pública e as novas frentes para a ampliação de nossa atuação política e cultural.

Todas estas reflexões permeiam as páginas deste nosso boletim número 50.

O departamento tem ampliado sua base de ação aproximando-se de todos os arquitetos, discutindo a prática profissional que, há muito, já não é mais a mesma. Para isso promoveu concursos, exposições e debates, além de múltiplas ações voltadas aos estudantes de arquitetura. Da mesma forma, tem ampliado sua conexão com as escolas de arquitetura de todo o estado de São Paulo.

O “7º Prêmio Jovens Arquitetos - 2005”, o “3º Prêmio Pré-fabricados para estudantes de arquitetura” em associação com a ABCP e a ABCIC e a premiação “Iniciativa Solvin–Arquitetura Sustentável”, em andamento, são alguns destes recentes exemplos das ações de sucesso de nosso departamento. Associado ao “7º Prêmio Jovens Arquitetos ∕ 2005”, a nominação ao primeiro lugar com o título “Prêmio Eduardo Kneese de Melo” agraciado com uma passagem para a França e Alemanha patrocinado pela empresa Somfy do Brasil.

Da mesma forma, o departamento procurou estar presente junto aos órgãos públicos, em que a representação dos arquitetos se faz necessária. Estas representações só ganharão qualidade e visibilidade efetiva a partir do reforço de nosso quadro de associados e a presença destes no IABSP.

Muito embora estejamos vivendo um quadro político de perplexidade geral no país, levamos a mensagem aos órgãos públicos de que arquitetura não é atividade que trata apenas da “forma exterior”, mas trata, principalmente, da infra-estrutura e da ocupação ordenada de um território para o sucesso da própria sociedade.

Destacamos aqui, o encontro dos Núcleos do Departamento de São Paulo e Primeira Reunião do Conselho Estadual realizado de acordo, e em obediência ao estatuto de nosso Instituto, ocorrido nos dias 7, 8 e 9 de julho próximo passado, quando estiveram presentes em nossa sede os presidentes de 14 Núcleos e 11 ex-presidentes do departamento São Paulo. O relato deste trabalho está nas páginas deste boletim e este trabalho inaugura uma prática que deverá ser a principal política de nosso Instituto, ou seja, a integração plena e sem fronteiras municipais dos arquitetos de um estado que suplanta a marca dos 40 milhões de habitantes.

O Departamento esteve presente em todos os eventos que, em conjunto com vários núcleos, foram preparados para respaldar e valorizar a atuação dos arquitetos em nosso estado. Levou-se pelo estado a mensagem de que em um bom projeto arquitetônico e urbanístico está o sucesso de qualquer intervenção nas nossas cidades.

Assim o período recente foi marcado pela fundação de dois novos núcleos no interior, o de Rio Claro e o de Atibaia. Nascem aglutinados em torno dos ideais do IAB.

A respeito das representações internacionais do IAB, a atual Direção Nacional do IAB necessita ouvir a experiência dos colegas conselheiros para garantir a qualidade e a continuidade da representação do IAB na UIA. Da mesma forma, não pode esquecer de importantes representações internacionais em organismos como a FPAA – Federação Pan-Americana de Arquitetos e o CIALP Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa.

O colega arquiteto Jaime Lerner concluiu sua gestão à frente da UIA e o arquiteto Gaetan Siew das Ilhas Mauricius é o novo presidente eleito em julho passado na cidade de Istambul.

Embora atentos com a atividade profissional no estado e no país, o nosso departamento também recebeu arquitetos estrangeiros com suas exposições e palestras, ampliando assim as possibilidades de intercâmbio. Neste segundo semestre seguiremos recebendo estas contribuições do “Além Mar”, com um seminário de arquitetos da cidade do Porto programado para novembro.

As grandes dificuldades econômicas de nossa sociedade e o sério e delicado momento político do país estão refletindo seriamente na organização da “6ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo”, que, nesta reta final de sua realização irá impor aos arquitetos do IAB, união, seriedade, e desprendimento ao trabalho que se tem pela frente.

Nosso conselho profissional, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo - CAU, que tramita na Câmara de Deputados em Brasília, sob o nº. 4747∕2005, irá enfrentar as dificuldades de um congresso estremecido pelos escândalos e pela corrupção, o que não muda nossa disposição de seguirmos firmes no propósito de aprová-lo rapidamente e conquistarmos nossa “alforria profissional” do sistema CREA∕CONFEA para então, e a partir do CAU, implementarmos os controles profissionais e de formação tão necessários à uma sociedade moderna e que deve ter na arquitetura um braço de ação técnico e artístico.

Nosso Instituto é, e será, o reflexo direto de nossa coesão em torno dos nossos ideais defendidos ao longo de nossa história.

Encerro este editorial com algumas manifestações recentes de colegas ex-presidentes de nosso IAB∕SP: Renato Nunes “...não temos legislação que garanta a qualidade do espaço...”, Alberto Botti “...não devemos ficar falando para arquitetos ou somente entre arquitetos...”, “...devemos, enfim convencer a sociedade de que a profissão do arquiteto é muito importante...” e finalmente Pedro Taddei “...nossa profissão não é só técnica ou só arte..”, “....os grandes avanços em várias áreas, são resultado de posições firmes do Instituto ao longo de sua história...”

 

Paulo Sophia
Presidente do IAB-SP
junho / 2005