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Arquitetura para além de seus limites.
—Conceito
Arquitetura é área do conhecimento humano com suas especificidades, disciplinas, interesses e características, abarcando também a interseção dos universos técnico e humanístico.
Se arte, a Arquitetura não pode deixar de ser funcional e técnica.
Se técnica, a Arquitetura não pode deixar de estabelecer os vínculos com as reflexões humanísticas, sociológicas e filosóficas, no universo da existência e da estética, propondo sempre o belo.
O território da Arquitetura é o território da “Inovação”, forma e conteúdo em processo dialético para a solução das contradições imanentes da própria existência humana. A inovação na arquitetura não se dá por geração espontânea, mas nasce das possibilidades de um tempo e suas conjunturas associadas às inteligências e consciências daquele momento, sejam elas individuais ou coletivas.
Destas “consciências”, as que nos são mais caras são as que propõem ou reivindicam a própria mudança.
Ao associarmos a criatividade, a inovação e consciências renovadas, é como se pudéssemos dizer que os problemas a serem resolvidos no âmbito da arquitetura, o serão, e facilmente, na medida em que saibamos claramente o que queremos naquele exato momento.
Quando um determinado ambiente fica “pequeno” para o atendimento das necessidades de nossa existência, os arquitetos lançam mão de estruturas arrojadas e cálculos que suplantam os “vãos” desta existência limitada. Mas a solução de nossos problemas não está só no arrojo estrutural para os grandes vãos, não precisamos ir tão longe! Para começar, devemos suplantar os grandes abismos sociais que na esfera da arquitetura são: moradia digna para as camadas desfavorecidas, a urbanização de assentamentos humanos inadequados, o fornecimento de água potável e a implantação de saneamento básico para estas populações carentes e a cidade como um todo. Nestes itens a indústria de componentes para a construção civil já tem dado passos importantes.
Assim sendo, a arquitetura avança para além de seus limites, quando:
- Fórmula as questões para uma reflexão coletiva do sentido da própria existência humana contemporânea,
- Critica as formas convencionais de ocupação territorial ora em prática,
- Demanda à indústria a aplicação de novas tecnologias para uma vida de qualidade, e
- Desenha os espaços desta sociedade ideal, que nasce do entendimento coletivo daquilo que realmente quer ser.
Qualquer bom projeto de arquitetura passa pelo domínio das técnicas de construção. Materiais novos possibilitam novas linguagens, novas formas, rapidez e economia. Os materiais são o corpo da arquitetura com os quais o arquiteto envolve a alma e o espírito de uma época.
Mais do que nunca, a escolha dos materiais não é só questão de gosto, mas fundamentalmente de eficiência, principalmente no atendimento das grandes carências nacionais no âmbito da habitação.
A indústria de componentes para a construção civil tem contribuído sobremaneira para a industrialização de componentes para a construção civil no país. Sendo, entre eles: forros acústicos e modulares, materiais de revestimento, acabamento variados, esquadrias eficientes, luminárias de alto desempenho, pisos que favorecem a salubridade, processos de pré-fabricação e equipamentos de montagem compatíveis com grandes obras.
Entretanto a indústria de componentes para a construção civil muito ainda poderá fazer para a ampliação do acesso à moradia básica e digna em nosso país, engajando-se na pesquisa de novas soluções técnicas para velhos problemas, e antecipando-se na oferta de produtos que assumam posturas de sustentabilidade na sua produção, na sua aplicação, na sua manutenção e por fim sua reciclagem e compromisso ambiental.
O emprego da boa técnica é questão fundamental e básica no trabalho do arquiteto, que deve considerar ainda a questão conceitual e de novas bagagens simbólicas que suscitem uma nova postura aos usuários destas novas arquiteturas. Esta é, para mim, a que considero a mais importante, dentre todas as contribuições que a arquitetura tem a oferecer para outras áreas do saber humano e para a própria existência do homem, qual seja: A construção de um real sentimento cidadão, uma aspiração de pertencimento e o orgulho de seus espaços sejam eles: a sua casa, a sua escola, o seu local de trabalho e sua cidade.
Vale reafirmar que toda a inovação está no projeto e nos conceitos que este traz em seu bojo. Assim sendo, a industria deverá solicitar dos arquitetos através de encomendas objetivas, bem como com aplicações práticas em projetos inovadores que incrementem o uso de seus materiais e com isto elevem também o índice de industrialização de nossas obras. Todo esforço por valorizar o projeto, seja ele um simples objeto, a casa, a fábrica, o escritório, a escola e o bairro, têm alcance admirável para além dos limites da obra em questão e dos valores materiais ali mensurados.
Afinal tudo poderá ser, através do projeto e para além dos limites da própria Arquitetura, a sociedade ideal de nossos sonhos.
Paulo Sophia, Arquiteto.
Ex-Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil
Departamento de São Paulo - IAB-SP.
Conselheiro do IAB
2006