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Consulta feita ao Arq. Paulo Sophia sobre Arquitetura de Quantidade versus Arquitetura de Qualidade

—Por E-mail


São José dos Campos, 04 de outubro de 2004.

Arq. Paulo Sophia,

boa noite!

Assisti ao seu depoimento na universidade paulista (UNIP), na última sexta-feira, o qual considerei bastante agradável e enriquecedor.

Infelizmente, não tive oportunidade de formular minha pergunta para a rodada final do programa e gostaria de saber
se poderia contar com sua explicação sobre um dos temas abordados durante sua exposição: a globalização e a
construção de uma identidade brasileira na arquitetura.

Minha questão é a seguinte: sabemos que a globalização é um processo, sabidamente, histórico e que vem evoluindo desde as primeiras negociações mercantis, reduzindo as fronteiras intercontinentais, até à globalização da informação, nos dias atuais, que age, então, sobre as fronteiras culturais. A supervalorização das tecnologias (materiais) disponíveis, em função do abandono da técnica (conhecimento) é uma das conseqüências deste processo, que se nota nos últimos anos, e que pode concorrer para a valorização de uma "arquitetura de quantidade" em detrimento da "arquitetura de qualidade".

Diante desta realidade, quais os caminhos a serem adotados na formação do estudante e do profissional de arquitetura e de nossos destinatários, e como construir/resgatar uma identidade nacional (uma arquitetura para o Brasil), sem dissociar-se das inúmeras (e novas) informações que gradativamente vêm sendo disponibilizadas pelo mercado da construção civil?

Desde já, agradeço por sua atenção, aproveitando para parabenizá-lo pelo trabalho que vem desenvolvendo como
profissional arquiteto e por sua atuação junto ao instituto, na defesa de nossos interesses.

Atenciosamente,

Arq. André Oliveira


Prezado André

Não sei se tenho resposta para sua pergunta que é, sem a menor sombra de dúvida, muito pertinente.

Gostei inclusive desta sua análise e síntese: "arquitetura de quantidade" versus "arquitetura de qualidade".

Quanto aos caminhos entendo que podemos propor um trabalho associado de conhecimento da realidade nacional frente as múltiplas realidades globais. Quero dizer que devemos conhecer profundamente a nossa realidade, diferenças, e aquilo que nos faz ser o que somos para a partir deste conhecimento propormos nossos projetos só assim é que teremos novamente nossa arquitetura com o título de "Arquitetura Brasileira" construída deste saber e consciência.

Sobre os projetos no universo acadêmico o incentivo à pesquisa nos campos da tecnologia e conceituação humanística nunca deixando de lado a discussão ética.

Sobre os projetos e no dia a dia profissional, nesta dura realidade cotidiana das concorrências, dos custos, da obra, da sua fiscalização e das encomendas muitas vezes absurdas, cabe a divulgação dos bons exemplos a conscientização das responsabilidades, a fiscalização e o rigor desta sobre o mau exercício profissional.

Entendo isso tudo como um processo no qual devemos ter paciência e perseverança.

Esta é em poucas palavras o que acredito ser a resposta para sua pergunta.

Agradeço a oportunidade com um abraço do amigo

Arq. Paulo Sophia
Presidente IAB-SP.