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Discurso de Posse da 31º gestão do IAB/SP

—01 de Março de 2004


Meus colegas Arquitetos.
O poeta Castro Alves escreveu, “A praça é do povo”.
Hoje a praça é também dos arquitetos.

E nós arquitetos, estudantes de arquitetura, profissionais de áreas afins e amigos, ocupamos esta praça para celebrar o IAB, o nosso Instituto de Arquitetos do Brasil, em especial nosso Departamento Estadual, mas também para celebrar a cidade e seus cidadãos.

Esta é uma solenidade muito importante para todos nós. Um ato público que demonstra nossa vontade política por transformações. É uma solenidade que esperamos traga um novo significado para nós arquitetos e a nossa relação com as nossas cidades e seus habitantes.

Estamos hoje, eu, a nova diretoria e os Conselheiros do Conselho Superior do IAB, sendo empossados em um mandato de responsabilidades.

Responsabilidade que nos é transmitida pelos nossos companheiros da brilhante gestão anterior. O exemplo do nosso querido ex-presidente Gilberto Belleza que soube conduzir nosso instituto ao longo destes difíceis últimos quatro anos.

Gilberto nós vamos continuar seu trabalho e seguir seu exemplo.

Responsabilidade que nos é transmitida pelo nosso brilhante presidente da direção nacional do IAB o arquiteto Haroldo Pinheiro. Nosso comandante na luta pelo tão sonhado COLEGIO BRASILERIO DE ARQUITETOS.

Haroldo Pinheiro nós vamos continuar sua luta e seguir seu exemplo.

Responsabilidade que nos foi transmitida também pelo exemplo e conduta ética dos muitos colegas arquitetos que tiveram a coragem de conduzir a presidência e diretorias de nosso instituto antes de nós.

Fomos precedidos por 30 gestões, 22 colegas arquitetos as presidiram, algumas vezes por mais de uma gestão.

Os saudosos ex-presidentes do IAB, os arquitetos:

1. EDUARDO KNEESE DE MELLO
2. OSWALDO BRATKE
3. ARMANDO CIAMPOLINI
4. RINO LEVI
5. ÍCARO DE CASTRO MELLO
6. EURICO PRADO LOPES

Os importantes e ativos companheiros, os arquitetos:

7. OSWALDO CORRÊA GONÇALVES colar de ouro
8. ALBERTO BOTTI
9. JULIO NEVES
10. ABELARDO GOMES DE ABREU
11. PEDRO PAULO DE MELLO SARAIVA colar de ouro
12. BENNO PERELMUTTER
13. PEDRO TADDEI
14. CESAR BERGSTROM
15. RITA VAZ
16. JOSÉ MAGALHÃES JÚNIOR
17. RENATO NUNES
18. PAULO MENDES DA ROCHA colar de ouro
19. CARLOS BRATKE colar de ouro
20. FÁBIO PENTEADO colar de ouro
21. PEDRO CURY

Por fim meu dileto e imediato predecessor o arquiteto

22. GILBERTO BELLEZA

Não quero cometer injustiça e deixar de citar nomes de importantes colegas que muitas vezes nos bastidores garantiram o sucesso da atuação do IAB, mas quero fazer uma homenagem a todos estes colegas que sempre defenderam o instituto citando a dois colegas exemplares que sempre estiveram presentes para o trabalho e para o aconselhamento dos presidentes que são o arquiteto José Carlos Ribeiro de Almeida e o arquiteto João Honório de Mello Filho.

Enfim a responsabilidade que nos é transmitida hoje pelo conjunto de associados de nosso instituto que esperam e acreditam neste instituto como fórum de discussão dos problemas que afligem as nossas populações e fórum de proposição de uma nova cidade para todos.

Mas sobre tudo, responsabilidade que advêm da consciência crítica e do entendimento das grandes transformações a que os processos de projeto e construção dos espaços contemporâneos sofreram nos últimos anos.

A arquitetura é o palco da vida e das relações sociais. A cidade o grande teatro e a metrópole o espetáculo final.
Por seus acertos, mas também por seus equívocos.
Tanto por belezas propostas e alegrias possibilitadas quanto por conflitos e disputas perpetrados.

Cabe-nos valorizar os acertos, divulgar as belezas promover as alegrias, entender os conflitos e negociar nas disputas.
Mas também a nós fica a responsabilidade da crítica aos muitos equívocos de uma sociedade que sabe produzir riqueza, mas não sabe distribui-la.

As nossas cidades são hoje o exemplo inconteste da desigualdade construída.

Senhores, autoridades, públicas e privadas, os arquitetos têm respostas a dar, solucionando problemas da habitação, do planejamento urbano, da gestão do espaço público e do patrimônio ambiental natural e construído.

O IAB/SP e seus arquitetos serão aliados fiéis na luta por uma nova cidade para todos, uma cidade de inclusão social. Não nos afastaremos um milímetro deste objetivo.

O nosso instituto, o Instituto de arquitetos do Brasil – IAB, já completou 83 anos.
O nosso departamento o IAB/SP, já completou 60 anos.

Não somos inexperientes, temos uma história, registrada nos anais da luta pela democracia, contra a ditadura, por trabalho, e muito mais, que transcende ao objetivo cotidiano do já nada simples “fazer projetos”. Um pouco desta história está registrada nos painéis da exposição que estamos abrindo hoje.

Há muito que o fazer e para pontuar algumas questões, deixo com vocês estas preocupações que são as preocupações desta diretoria:

· O impacto da globalização nas relações de trabalho de projeto
· O patrimônio arquitetônico e ambiental.
· O problema da escassez de água e a proteção dos mananciais.
· O problema das enchentes, e de outras áreas de risco.
· Os planos diretores de nossas cidades
· As políticas públicas de transporte de massa
· O esvaziamento das áreas centrais de nossas cidades.
· As políticas públicas habitacionais
· O déficit habitacional e o problema fundiário de nossas cidades.
· O problema do lixo
· A acessibilidade aos desabilitados
· A massificação do ensino de arquitetura
· A formação continuada dos arquitetos.
· A oferta de serviços de forma democratizada ao contingente de arquitetos disponíveis e aptos ao trabalho.
· A remuneração compatível com o trabalho de cunho intelectual.
· A pesada carga tributária incidente no exercício de nossa profissão
· Os concursos públicos nacionais de arquitetura.
· A restauração de nossa sede hoje patrimônio tombado pelo Condephaat.
· A luta pelo Colégio Brasileiro de Arquitetos.
· As muitas Representações públicas de nosso Instituto junto aos governos federal, estadual e municípais.
· O dilema e a gestão das Metrópoles.

Estas são algumas entre muitas outras áreas de trabalho onde devemos atuar.

A qualidade de um projeto arquitetônico atinge seu maior impacto quando privilegia o uso coletivo, pois é no encontro das pessoas que a arquitetura ganha a sua maior força, expressividade e legitimidade. Esta sempre foi a força da arquitetura Brasileira reconhecida internacionalmente como expressão da própria cultura brasileira. Esta é a arquitetura que iremos privilegiar e defender.

Assumimos a Presidência de um departamento que é estadual, e desta forma todas as nossas ações terão caráter e abrangências estaduais.

Senhores, nenhum instituto tem sentido sem seus associados.

Mas, também, nenhum instituto sobreviveria sem seu staff administrativo, elemento fundamental de ligação entre a direção e o associado. Presto aqui a minha homenagem, em nome de toda a diretoria, à nossa equipe, Emerson, Ari, Rodolfo e Aline, que com o comando de Dona Daya são a garantia do sucesso de qualquer empreitada em que nos aventuremos.

Da mesma forma um evento como esse não seria possível sem a generosidade de nossos patrocinadores.

A ABCP, A ABCEM, Açominas, CBCA, Munte, inteligentetable, Fademac, Comporta painéis, e o Sonda Supermercados.


Meus colegas, a voz do IAB não é a voz de seu presidente.
A voz do IAB é a voz de seus arquitetos.

Paulo Sophia,
presidente do IAB/SP